Resenha: A hora da Estrela

Título: A hora da estrela
Autor(a): Clarice Lispector
Editora: Rocco
Páginas: 88
Ano de Publicação: 1998
Gênero: Drama/Romance
Nota: 4/5
Sinopse: A história da nordestina Macabéa é contada passo a passo por seu autor, o escritor Rodrigo S.M. (um alter-ego de Clarice Lispector), de um modo que os leitores acompanhem o seu processo de criação. À medida que mostra esta alagoana, órfã de pai e mãe, criada por uma tia, desprovida de qualquer encanto, incapaz de comunicar-se com os outros, ele conhece um pouco mais sua própria identidade. A descrição do dia-a-dia de Macabéa na cidade do Rio de Janeiro como datilógrafa, o namoro com Olímpico de Jesus, seu relacionamento com o patrão e com a colega Glória e o encontro final com a cartomante estão sempre acompanhados por convites constantes ao leitor para ver com o autor de que matéria é feita a vida de um ser humano.

Resenha: Olá pessoal, a resenha de hoje é sobre um livro que poderíamos considerar talvez um clássico brasileiro? Quem aqui nunca ouviu falar de Clarice Lispector? Seja pelos livros, contos e crônicas maravilhosas que ela tem ou por aquele povo do Facebook que cada foto que posta insere uma frase de Clarice na legenda, haha.

Macabéa é uma nordestina que depois de perder seus pais no sertão do Alagoas passa a viver com a sua tia beata que a cria mas não de um jeito muito amoroso.Após a morte de sua tia, ela sem nenhum parente, migra para o Rio de Janeiro para tentar a vida como datilógrafa, a única coisa que sabe fazer já que somente estudou até o terceiro ano do fundamental. Macabéa mora num quarto de cortiço com 4 mulheres balconistas das lojas americanas chamadas todas Marias mas a quem não vê muito, pois chegam muito tarde por causa do trabalho, então a única companhia que lhe resta é seu rádio de pilha onde ouve a rádio relógio , onde passa "As horas e cultura".

 E sobretudo esse canal de rádio aproveitava intervalos entre as tais gotas de minuto para das anúncios comerciais – ela adorava anúncios. Era rádio perfeita pois também entre os pingos do tempo dava curtos ensinamentos dos quais talvez algum dia viesse a precisar saber. 

O livro é super fininho, mas super grosso quando se trata de contéudo,sentimento e melancolia.Clarice escreve de uma forma poética, cheia de referências e metáforas que leva você a refletir sobre tudo que acontece ali com nossa personagem principal.Toca em assuntos fortes e presentes no nosso cotidiano de um jeito leve e poético, assuntos como migração, pobreza, relacionamentos abusivos que é transmitido pelo "namoro" de Macabéa e Olímpico, e como ela é submissa e aceita todas as pressões e xingamentos que existem dentro de seu relacionamento e se comporta como se merecesse eles é baseado na realidade de muitas mulheres.

– Você, Macabéa, é um cabelo na sopa. Não dá vontade de comer. Me desculpe se eu lhe ofendi, mas sou sincero. Você está ofendida?

– Não, não, não! Ah por favor quero ir embora! Por favor me diga logo adeus!

Confesso que peguei o livro com um pouco de receio para ler, já que foi algo que foi pedido para leitura para um trabalho na faculdade, a gente nunca gosta quando é obrigada a ler um livro não é mesmo ? haha, mas fui muito surpreendida com tudo o que ele me passou. Nele existe a mensagem de reflexão de que você tem que aproveitar sua vida enquanto ainda pode, nada pode ser tão ruim se você ainda está vivendo, e viver é muito bom.Palavras da própria Clarice "tudo começa com um sim", então diga sim para sua vida, seus sonhos, suas esperanças para o futuro.

– Não sei como se faz outra cara. Mas é só na cara que sou triste porque por dentro eu só até alegre. É tão bom viver, não é?

Esse é um livro que eu recomendo para qualquer um, para quem gosto de poesia, de romance, de drama, para quem só quer passar um pouco do tempo para refletir, tenho certeza que será tocado pela escrita de Clarice. O livro é narrado pelo alter ego da Autora chamado Rodrigo S.M, que se flagela todo o livro com a angústia de ter que contar a história de Macabéa mas não poder ajuda-la. Veio a minha cabeça a dúvida do significado do nome do narrador, talvez seria Rodrigo Sinto Muito? pois é esse o único sentimento que nós sentimos por várias Macabéas que vivem hoje em nosso país.

Até a próxima resenha, e beijos.

SIM